Sentidos e Nossos Gatos: Parte 3 – Paladar

Você já se perguntou como seu animal de estimação experimenta o mundo ao seu redor? Hoje, vemos que nossos animais de estimação são membros da família e cuidamos deles com cuidado.

Mas, para atender às suas necessidades, é importante entender como eles se comunicam conosco e como percebem o mundo ao seu redor.

Este blog é o terceiro de uma série de cinco partes (incluindo visão  e olfato) investigando como os gatos vivenciam e usam cada um de seus cinco sentidos.

Estrutura da boca

Os gatos são predadores consumados em todos os sentidos. Sua anatomia é projetada especificamente para a caça. O crânio contém grandes órbitas oculares, que aprimoram sua visão para detectar presas e dentes especializados para dissecá-las.

Existem apenas 30 dentes na boca de um gato, o que é menos do que em muitos outros predadores. Os dentes são quase todos adaptados ao consumo de carne, exceto os incisivos na frente da boca, que são muito pequenos e usados ​​principalmente na higiene.

Os longos caninos, ou presas caninas, são como pontas usadas para segurar alimentos e, mais especificamente, para deslocar as vértebras da presa. Existem até receptores de pressão especializados nos dentes que localizam o melhor local para uma mordida mortal.

Os dentes posteriores ou pré-molares e molares não são estruturados para moer material vegetal como os dentes de herbívoros. Em vez disso, os molares de um gato são moldados perfeitamente para cortar a carne em pedaços menores e facilmente digeríveis e são controlados por poderosos músculos da mandíbula. Os gatos são realmente comedores de carne e dependem de uma porcentagem maior de proteína para obter energia do que qualquer outro mamífero.

Receptores gustativos do gato

Em geral, o paladar depende de centenas de receptores gustativos localizados nas papilas gustativas na superfície da língua. Em alguns casos, o paladar é amplificado pelo olfato e existem 5 qualidades de sabor: salgado, doce, azedo, amargo e umami.

Cada receptor gustativo tem um propósito diferente ou combinação de propósitos e é responsável por mais do que apenas saborear a comida:

• Os receptores de sal detectam o cloreto de sódio e ajudam a manter o equilíbrio eletrolítico.
• Os receptores de doces detectam glicose ou frutose.
• Os receptores amargos ajudam a detectar toxinas como alcalóides venenosos no material vegetal.
• Umami detecta aminoácidos saborosos como o glutamato.
• Os receptores azedos identificam os alimentos estragados.

Uma vez que a informação gustativa é classificada pelas papilas gustativas, ela é transmitida através de quatro nervos cranianos diferentes (facial, glossofaríngeo, vago e trigêmeo) para o tálamo no cérebro. Lá, ele é integrado a outras informações, incluindo informações térmicas, mecânicas, viscerais e de dor para determinar a palatabilidade do alimento.

Você sabia, no entanto, que os felinos (incluindo leões, tigres, leopardos e o gato doméstico) não conseguem identificar sensações doces? Isso se deve a uma mutação genética que impede os gatos de produzir as proteínas que formam os receptores do sabor doce.

Os gatos também podem não ser capazes de reconhecer sabores salgados, mas respondem a sabores amargos, azedos e umami. Portanto, os gatos vivenciam o sabor de maneira muito diferente de nós, humanos.

Pesquisas feitas sobre palatabilidade mostraram que o salmão era o mais saboroso para os gatos domésticos e que a carne de rato era menos saborosa do que outros alimentos. A maioria dos gatos aprende a apreciar certos sabores durante o seu desenvolvimento neonatal – por exemplo, os filhotes preferem alimentos que são preferidos pelas suas mães. Esse tipo de aprendizado observacional também se estende a itens de brincadeiras naturais.

Hábitos alimentares dos gatos

O gato médio normalmente come de doze a vinte pequenas refeições distribuídas ao longo do dia. Existe um ciclo normal de caça, espera ou observação; seguido pela intensa atividade de perseguir, pegar e depois consumir; e, finalmente, de higiene. Os gatos então descansam antes que esse ciclo se repita.

A anorexia ou a falta de apetite é mais frequentemente um problema médico relacionado a uma doença subjacente ou desconforto gastrointestinal. Alguns casos de apetite reduzido podem ter componentes comportamentais relacionados à ansiedade, busca de atenção ou aversão ao paladar (associando comida a sensação de mal-estar).

Em ambiente doméstico, mudamos o ciclo de alimentação e muitas vezes simplesmente enchemos uma tigela para o nosso gato “beliscar” ao longo do dia. No entanto, isso pode resultar em tédio ou obesidade.

Pique

O consumo de plantas é frequentemente observado em gatos domésticos. Por si só, isso não é necessariamente um problema, mas muitas plantas domésticas, como os lírios, podem ser tóxicas. Oferecer aos gatos erva-do-gato ou grama de trigo (wheatgrass), é uma forma apropriada de aprimoramento, mas deve-se ter certeza de que plantas tóxicas não são acessíveis aos nossos gatos.

Muitos estudos foram feitos sobre comportamentos anormais de sucção, mastigação ou ingestão em gatos e foi relatado que os gatos siameses e birmaneses são as raças nas quais isso é mais comum. Esses mesmos estudos observaram que cadarços, barbante, tecido e borracha eram os itens mais preferidos para mastigar, seguidos por papel/papelão, barbante e plantas.

Não está claro se esses problemas emanam do desmame precoce, experiências estressantes ou problemas médicos subjacentes.

Lambedura excessiva

A higiene desempenha um papel importante no vínculo materno-neonatal. As mães gatas ingerem a urina e as fezes de seus filhotes por várias semanas após o nascimento para manter o ninho limpo. Essa arrumação da mãe dá lugar ao autocuidado.

Os gatos costumam ser considerados exigentes, em parte devido ao padrão de autolimpeza dos gatinhos, que tradicionalmente começa com lamber a boca, o queixo e os bigodes para remover a comida. Isso é seguido pela higiene dos ombros e das patas dianteiras, depois dos quadris e das patas traseiras e, finalmente, dos órgãos genitais e da cauda. Depois que o corpo estiver limpo, o gato lamberá as patas para lavar o rosto e as orelhas.

A língua de um gato tem farpas que ajudam a escovar o pelo para remover emaranhados ou parasitas e redistribuir os óleos naturais da pele para manter a pelagem saudável. A escovação também é útil para regular a temperatura, pois a saliva do gato, aplicada ao pelo, evapora e esfria o corpo.

O comportamento de limpeza é frequentemente descrito como compulsivo quando parece ser excessivo. Estudos têm mostrado que a maioria dos casos de lambedura extrema geralmente está relacionada à dor ou coceira. Quando isso for observado, um exame médico completo deve ser realizado para eliminar quaisquer contribuintes médicos para esse comportamento, antes de assumir que o problema é estritamente comportamental.

Como os gatos vivenciam o paladar

O paladar e a estrutura da língua que realçam a sensação gustativa, são responsáveis ​​por mais do que apreciar a comida. Ajuda a proteger os gatos, proporciona diversão, e esse cuidado é importante para eles mesmos e seus filhotes, garantindo assim limpeza e uma saúde externa adequada.