Os gatos e as crianças podem formar laços maravilhosos, e há muitos anos que se sabe que as crianças beneficiam de inúmeras formas do convívio com animais de estimação. Os estudos mostram que há uma menor probabilidade de alergias e que as crianças podem até tornar-se mais responsáveis e empáticas. No entanto, para maximizar estes benefícios e garantir o bem-estar do seu gato, é essencial compreender certos conceitos dos quais pode não ter consciência.
E será que formarão melhores relações com os cães? No artigo de hoje, vamos explorar quatro mitos sobre gatos e crianças, e a verdade sobre como usá-los para ajudar ambos a criar laços.
Mito nº1: Viver com um animal de estimação traz sempre benefícios
De um modo geral, os estudos mostram que a maioria das crianças que convivem com animais de estimação são mais responsáveis e empáticas, o que significa que têm uma maior capacidade de compreender as emoções dos outros. No entanto, isto só é possível se os pais demonstrarem bons cuidados com os animais de estimação. Simplesmente viver com um gato pode não ser suficiente se os pais não se envolverem também no bem-estar do animal.
Basicamente, quando se trata de ajudar os seus gatos e filhos a construir um vínculo, cabe-lhe a si, como pai ou mãe, dar um exemplo positivo. Isto significa ensinar os seus filhos a interagir com o seu gato de forma gentil e respeitosa e ensiná-los a reconhecer os sinais de um gato satisfeito ou stressado.
Mito nº 2: As crianças precisam de assumir a responsabilidade pelos cuidados a ter com o gato
É importante diferenciar a ligação emocional entre o seu gato e as crianças e a responsabilidade dos cuidados ao seu gato. Uma criança pode ter uma ligação muito forte com um gato, mas não cuidar dele, e vice-versa: uma criança pode executar diligentemente as tarefas atribuídas, mas não beneficiar emocionalmente da convivência com o seu gato.
O tipo de relação e de cuidados dependerá da personalidade do seu filho, da personalidade do seu gato, da dinâmica familiar e, mais importante, do exemplo dado pela sua família.
Mito nº3: Atribuir tarefas de cuidados a gatos tornará o seu filho mais responsável
Atribuir tarefas de cuidados pode ajudar o seu filho a sentir-se valioso e com propósito, o que é benéfico para a sua autoestima. No entanto, se o esforço necessário for demasiado grande, isso pode diminuir a ligação e a motivação para cuidar do seu gato. Por isso, é importante que as tarefas sejam partilhadas e ajustadas à idade e personalidade do seu filho.
Mito nº4: Se o seu filho não brinca com o seu gato, significa que não se importa
Isto não é totalmente verdade, pois as crianças e os gatos não precisam de brincar para criar um vínculo. Tem-se observado que as crianças tendem a procurar os seus animais de estimação, especialmente em momentos de stresse ou tensão emocional. Os gatos podem ser uma fonte de apoio social e emocional sem a necessidade de partilhar jogos ou outras atividades.
Benefícios da união entre gatos e crianças
Se nos focarmos no aspeto emocional e de ligação desta relação, sabemos que os gatos são bons como suporte social por várias razões:
- Disponibilidade constante: os gatos estão quase sempre disponíveis, o que os torna uma presença constante e reconfortante.
- Proatividade: Os gatos podem ser proativos e exigentes nas interações, o que pode ser muito benéfico para uma criança que necessite de companhia ou distração.
- Variedade de atividades: os gatos permitem uma variedade de atividades partilhadas, desde brincadeiras e carícias a momentos de relaxamento.
- Confidentes ideais: Os gatos são excelentes confidentes porque não julgam. Embora possa parecer contraintuitivo, confiar ou desabafar com alguém que não compreende pode ser muito positivo. O seu filho pode explicar como se sente com total tranquilidade, sabendo que não será julgado e que os seus segredos não serão revelados. Ao confessar angústia a uma pessoa, estamos cientes de que essa pessoa se preocupará connosco e, se for próxima de nós, também poderá estar a passar pela mesma situação stressante. Isto pode levar-nos a não expressar a nossa angústia para evitar causar-lhes mais dor. Em contraste, com um gato as crianças podem expressar-se livremente sem esta preocupação.
- Oportunidade de cuidar: os gatos oferecem a oportunidade de cuidar, ajudando as crianças a sentirem-se valiosas e com propósito, aumentando a sua autoestima e sentido de responsabilidade.
Dicas para ajudar gatos e crianças a criar laços
Se abordarmos a componente de cuidados e responsabilidade entre gatos e crianças pequenas, devemos ter em conta que:
- A responsabilidade de supervisionar os cuidados adequados é sempre do adulto.
- É importante incentivar a comunicação e a educação explicando as emoções e as necessidades do seu gato às crianças de forma fundamentada, e não impondo apenas tarefas.
- As necessidades básicas do seu gato devem ser sempre satisfeitas, por isso garanta limites e regras claras para os seus filhos para evitar que o seu gato seja magoado física ou emocionalmente.
- Concentre-se no esforço e não no sucesso. Por exemplo, se uma criança pequena estiver a tentar colocar água na tigela do seu gato, é provável que caia um pouco de água para o chão. A mensagem deve focar-se no esforço positivo feito e não no resultado.
- Quando as tarefas não são feitas corretamente, esteja próximo e ensine a forma correta de fazer as coisas, compreendendo que os erros fazem parte da aprendizagem.
- Não censure pensamentos ou emoções relacionadas com o seu gato, mesmo que sejam negativas. Mais tarde, pode refletir com eles sobre a origem da sua angústia, mas é importante que possam expressar os seus sentimentos, se existirem. Por exemplo, se o seu gato magoou o seu filho enquanto brincava, ou se o seu filho não quer brincar, mas o gato insiste.
Orientações adequadas à idade para gatos e crianças:
- Entre 3 e 7 anos: As crianças pequenas podem acompanhar e observar os adultos a cuidar de um gato, ajudando em tarefas simples, como escová-lo ou alimentá-lo.
- Entre 8 e 14 anos: As crianças um pouco mais velhas podem assumir mais responsabilidades, como brincar, limpar caixas de areia e cuidar da alimentação e higiene dos animais sob a supervisão de um adulto.
- Entre 14 e 18 anos: Os adolescentes podem ter mais autonomia nos cuidados a ter com um gato, mas devem ainda ser supervisionados por um adulto para garantir o bem-estar do gato.
Conclusão
Adotar um gato pode trazer imensos benefícios às crianças, desde que o gato seja considerado um membro da família que necessita de cuidados e amor. Convidamos todas as famílias a adotar com responsabilidade, tendo em conta que o bem-estar do gato e o fortalecimento do vínculo com as crianças dependerá do empenho e da educação de todos os elementos da família.
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