Já alguma vez olhou para o seu gato e pensou que aquele comportamento mais agitado (e selvagem) pode estar relacionado com os seus ancestrais? Os nossos gatos fazem parte da família Felidae, que inclui:
- Panthera – gatos que rugem (leões, tigres, jaguares)
- Acinonyx – leopardos
- Felis - pequenos gatos, como os domésticos
Mas já se perguntou de onde veio a sua linda bola de pelo? Como evoluíram dos seus antepassados semelhantes a panteras, há milhões de anos, até aos gatos domésticos modernos que conhecemos hoje?
Vamos então perceber melhor a sua história!
As três linhagens mais antigas de gatos selvagens
O último ancestral comum dos gatos modernos foi uma espécie chamada Pseudaelurus, que viveu na Ásia entre 9 e 20 milhões de anos atrás. Usando a genética, os cientistas estabeleceram que os gatos modernos divergiram desta espécie antiga em oito grupos ou linhagens de espécies intimamente relacionadas.
10.8 Milhões de Anos Atrás
Podemos rastrear a árvore genealógica dos gatos até um ancestral semelhante a uma pantera que viveu no sudeste da Ásia há 10,8 milhões de anos. Neste ponto, a grande árvore genealógica de gatos “rugidos”, como leões, tigres e leopardos, divergiu da linhagem.
9.4 Milhões de Anos Atrás – Linhagem Bay Cat – Sudeste Asiático
O gato-vermelho-de-bornéu (Bay Cay), que geralmente é um pequeno habitante da floresta (2-16 kg), foi a linhagem seguinte a ramificar-se, há 9,4 milhões de anos, e três espécies evoluíram a partir daí no Sudeste Asiático.
8.5 Milhões de Anos Atrás – Linhagem Caracal – África
8.5 milhões de anos atrás, a terceira linhagem Caracal (lince-persa) divergiu durante a primeira era glaciar, quando os ancestrais dos gatos cruzaram as pontes terrestres no Mar Vermelho, da Ásia à África. Esta família é formada por gatos de pequeno a médio porte e inclui o Caracal e o Serval.
8.0 Milhões de Anos Atrás – Linhagem Jaguar – América do Norte > América do Sul
Os ancestrais do Jaguar ou Leopardus evoluíram então para duas espécies na América do Norte. Sabia que esse grupo de gatos possui um número de cromossomos diferente dos outros gatos? Eles têm 36 em vez dos 38 habituais.
7.2 Milhões de Anos Atrás - Linhagem Lince - América do Norte > Eurásia
Relativamente pouco tempo depois (1,2 milhões de anos), a linhagem Lince ramificou-se e evoluiu para uma espécie distinta de lince com cauda curta e orelhas tufadas. Duas espécies espalharam-se pela América do Norte e outras duas evoluíram posteriormente na Eurásia.
6.7 Milhões de Anos Atrás - Linhagem Puma - América do Norte > América do Sul > Ásia
A linhagem Puma foi a terceira linhagem originária na América do Norte há 6,7 milhões de anos. É aqui que as chitas ficam na árvore genealógica dos gatos!
6.2 Milhões de Anos Atrás - Linhagem Gato leopardo - América do Norte > Ásia
A penúltima linhagem de gatos “mais jovens” surgiu de ancestrais que voltaram da América do Norte para a Ásia durante a segunda era glaciar. A linhagem do Gato Leopardo separou-se há 6,2 milhões de anos.
3.4 Milhões de Anos Atrás - Linhagem Felis - América do Norte > Ásia > Europa
A linhagem Felis é a linhagem mais recente a divergir, há 3,4 milhões de anos. Eram principalmente gatos menores, com menos de 10 kg e que, por sua vez, deram origem ao gato doméstico. Alguns dos gatos ancestrais que regressaram à Ásia (como o Gato da Selva) evoluíram lá, enquanto outros espalharam-se pela Europa e alguns ainda mais longe em África (como o Gato Selvagem Africano - um ancestral crucial para a nossa linhagem de gatos domésticos dos dias de hoje).
Semelhanças com os Gatos Antigos e Modernos
O gato doméstico foi classificado em 1758 como Felis catus,mas estudos recentes sugerem que o gato doméstico deveria realmente ser considerado uma subespécie do African Wildcat (Felis silvestris lybica), e, assim, denominado como Felis sylvestris catus.
African Wildcats ainda hoje existem, é certo! Eles são vistos como o representante vivo mais próximo dos primeiros gatos que se tornaram nos nossos gatinhos domésticos. As duas espécies são diferentes - embora sejamos capazes de reconhecer algumas semelhanças entre o gato doméstico moderno e os seus ancestrais. Tal como os seus antepassados, os nossos gatos domésticos:
- Possuem sentidos supereficientes – excelente audição, visão e olfato.
- São caçadores predatórios. É por isso que adoram trazer-lhe presentes e, principalmente, gostam de jogar jogos que tenham um brinquedo pendurado na ponta de uma cana de pesca.
- São territoriais – na natureza, o seu território seria a savana. Para os domésticos, o seu território é menor, normalmente a área que delimita a casa, para gatos que vivem ao ar livre.
- Marcam o seu território usando cheiros, feromonas e algumas marcas visuais.
- Têm almofadas nas patas que protegem os dedos dos pés e reduzem o som quando perseguem as suas presas.
- São carnívoros e necessitam de carne em sua dieta para obter todos os nutrientes de que necessitam.
A par disto:
- Machos e fêmeas são muito parecidos (isto já não acontece nos leões, onde o macho tem uma grande juba; mas eles não são tão parentes).
- A análise genética mostra que o African Wildcat é quase idêntico ao nosso gato doméstico.
- Os gatos antigos passavam grande parte do dia a descansar, assim como os seus descendentes modernos. É normal que os seus gatos descansem entre 16 e 20 horas por dia, de preferência em algum lugar elevado, onde possam vigiar o seu território.
- Tanto os gatos domésticos como os antigos sempre preferiram comer e beber em áreas distantes de onde vão à casa de banho, para não contaminar a comida e a água.
- Os gatos domésticos geralmente preferem um substrato de areia fina na sua caixa. O gato selvagem africano usou a areia da savana para enterrar as suas fezes e escondê-las dos predadores.
12 fatos interessantes sobre a história da interação humana e entre gatos
- Evidências recentes mostram que a domesticação provavelmente ocorreu há vários milhares de anos no Oriente Médio.
- Acredita-se que o aumento da população de roedores junto aos depósitos de grãos nos primeiros assentamentos tenha atraído gatos selvagens para se aproximarem dos humanos.
- Essa situação ajudou na posterior domesticação dos gatos. Os humanos antigos também apreciavam a ajuda dos gatos no controlo das populações de roedores.
- Os antigos egípcios mantinham os gatos nas suas casas para ajudar a protegê-los de roedores, cobras e escorpiões.
- Há 2.900 anos no Egito, a deusa do amor – deusa Bastet – tinha uma cabeça de gato, daí que gatos muito amados foram mumificados e sepultados com as suas famílias.
- Há uma sepultura em Chipre onde um gato foi enterrado com o seu humano há 9.500 anos.
- Li Shou é a deusa (do) gato na mitologia Chinese.
- Os vikings adoravam Freyja, a deusa da fertilidade, que andava numa carruagem puxada por 2 gatos (que foram um presente de Thor).
- Os antigos romanos viam os gatos como um símbolo de liberdade.
- Pensa-se que os gatos eram vistos como afiliados às bruxas e ao diabo na Idade Média – isto criou um período em que os gatos eram menos populares.
- Como resultado, não existiam tantos gatos na Idade Média para matar os ratos que transmitiam a peste bubónica. Acredita-se que isso tenha ajudado à propagação da peste.
- Quanto ao velejar, historicamente os humanos levavam gatos consigo nos navios para controlar qualquer roedor a bordo. Pensa-se que foi assim que os gatos foram introduzidos em diferentes continentes.
Os dias de hoje
As opiniões genérica sobre os gatos começaram a melhorar no século XV, após a sua impopularidade na Idade Média. Agora, só nos EUA, estima-se que 45,3 milhões de famílias adotaram um gato, e muitos gatos têm os seus próprios perfis nas redes sociais! Existem também muitos filmes que apresentam os nossos queridos gatos.
Desde a domesticação, os gatos não sofreram grandes mudanças evolutivas. Muitas vezes, eles ainda gostam de ser independentes e talvez seja por isso que às vezes acham um desafio viver nas nossas casas modernas em rápida mudança.
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