Na sociedade atual, muitas vezes consideramos os nossos animais de estimação como membros da família. Nós cuidamos e tomamos conta deles intimamente. No entanto, para compreender melhor as suas necessidades, talvez seja melhor compreender como se comunicam conosco, bem como de que maneira percebem o mundo que os rodeia.
Você já se perguntou como seu gato sente o mundo ao seu redor? Este blog é o quarto de uma série de cinco partes que investiga como os gatos experimentam e usam cada um dos seus cinco sentidos.
Anteriormente, discutimos o paladar do seu gato. Hoje, exploraremos como o toque é um conceito muito diferente nos animais e nas pessoas. Do ponto de vista acadêmico, os principais componentes da entrada sensorial são o toque, a temperatura, a pressão e os estímulos nocivos, além de ajudar o cérebro a determinar onde estão as partes do corpo no espaço. Receptores na pele e em outros tecidos, transmitem informações através dos nervos e da medula espinhal para o cérebro por meio de uma via nociceptiva especializada. Isso permite que um indivíduo interprete as sensações e determine como responder.
Os humanos têm muitos receptores tácteis e, consequentemente, o nosso sentido táctil é afinado, especialmente nas pontas dos dedos. Os gatos têm uma sensação de toque mais generalizada. Como não avaliam as coisas pegando-as com as patas, usam a boca para agarrá-las e levantá-las. Eles também combinam esse sentido com a contribuição dos outros sentidos de um gato para coletar informações. Em contraste com as suposições comumente feitas, no entanto, isso não significa que os gatos não sintam dor.
Quando penso em gatos, vejo-os como atletas elegantes que nunca caem e não têm medo de altura. Eles são realmente construídos para o desempenho. A coluna é flexível e permite uma variedade de movimentos, enquanto a cauda atua como um contrapeso para manter a trajetória correta. Na verdade, o equilíbrio de um gato é quase incomparável!
Os mamíferos têm um sistema único chamado aparelho vestibular nas profundezas internas dos canais auditivos. Eles incluem três dutos semicirculares contendo um fluido especial. É a coordenação do movimento do fluido dentro desses dutos que determina como um gato sente o equilíbrio.
O ditado “um gato sempre cai em pé” tem algumas evidências que o corroboram. Devido à coluna flexível única de um gato, à falta de clavícula, às patas traseiras poderosas e ao aparelho vestibular, um gato pode torcer o corpo no ar enquanto cai. Isso permite que eles retornem à postura ereta e caiam em pé.
Esse incrível reflexo do gato fica totalmente desenvolvido por volta de 6 semanas de idade e vem a calhar para gatos que vivem em apartamentos altos. Um estudo muito interessante, realizado na cidade de Nova York, analisou gatos que caíram de uma altura específica e comparou os ferimentos que sofreram. Os resultados mostraram que, para um gato conseguir se endireitar e sobreviver, a distância precisava ser superior a 30 centímetros e inferior a cinco andares. Muitos gatos nas grandes cidades sobrevivem a quedas e o termo Síndrome do Arranha-Céu foi criado para indicar as lesões clássicas desse tipo de queda.
Os bigodes de um gato são pelos especiais localizados ao redor do rosto, principalmente abaixo das narinas e estendendo-se em direção às bochechas. Esses pelos possuem folículos ou ligações especiais na pele que são muito mais sensíveis do que em outras áreas. É essa sensibilidade que permite que os gatos vivenciem o mundo ao seu redor.
A informação que os gatos recebem através de seus bigodes é tão precisa que pode incluir a força da brisa criada quando um rato passa, ou mesmo a distância e a curvatura de uma parede. Isso explica como um gato é tão habilmente capaz de navegar em espaços estreitos. Em repouso, os bigodes faciais de um gato ficam posicionados ligeiramente para trás, mas quando em movimento ou estimulados, os bigodes se movem para frente e para longe da cabeça para se preparar para a coleta de informações.
A maneira em que um gato sente o toque também desempenha um papel importante no ato de arranhar. Os arranhões indesejados são uma das reclamações mais comuns que os pais de animais de estimação fazem ao veterinário. No entanto, arranhar é um comportamento normal de um gato e serve para vários propósitos importantes. Por exemplo, isso inclui remover a antiga camada das garras, alongar os músculos dos membros e das costas e deixar marcas visuais e olfativas na superfície arranhada, para delinear limites territoriais.
Se o comportamento de arranhar do seu gato estiver se mostrando como um problema, tente fornecer alternativas, de boa qualidade e em áreas socialmente significativas, para que ele “arranhe”. Esta é uma ótima maneira de direcionar a necessidade instintiva de um gato de arranhar para um local mais aceitável. O FELIWAY® também se mostrou benéfico.
Se você tem um gato, provavelmente já pisou, pelo menos uma vez, em uma bola de pelos. Bolas de pelos são a consequência infeliz de uma higiene imaculada. Na verdade, os gatos gastam uma grande parte de seu tempo diário cuidando de si mesmos e uns dos outros. Allogrooming é o termo usado para descrever um gato lambendo o outro e muitas vezes é feito para construir relacionamentos mais fortes e reduzir a tensão entre os indivíduos.
Embora a higiene não envolva verdadeiramente o paladar, requer a língua. A língua de um gato tem pontas estruturais especiais chamadas papilas que ajudam a remover pelos velhos ou sub pelo, bem como parasitas, tipo pulgas. O padrão em que um gato se lambe é como a coreografia de uma dança e segue sempre o mesmo padrão, sem muita variação. Ele tende a começar no rosto e depois passar para as patas traseiras, pescoço, peito e cauda.
O tato, tal como o consideramos nos humanos, é nitidamente diferente daquele dos nossos animais de companhia. Por exemplo, os humanos utilizam a sensação de toque muito desenvolvida nas pontas dos dedos para informações sensoriais, mas os gatos não usam as patas para a mesma exploração sensorial. Em vez disso, eles utilizam outras técnicas especializadas, como bigodes e sistema vestibular, para obter informações sobre o ambiente. Isso permite que eles interajam com o ambiente de uma forma mais adequada às características de um gato.
O tato de um gato também é primordial em comportamentos normais e socialmente importantes. Por exemplo, isso inclui os arranhões, a autolimpeza e o Allogrooming. É importante lembrar que, embora os gatos processem a sensação do toque de maneira diferente das pessoas, eles ainda sentem dor e sofrimento emocional que os próprios humanos podem associar à sensação do toque.